nOdoa

(nOdoices simples..nada de complicado)

quinta-feira, setembro 27, 2007

Primeira manhã em Bratislava

Acordado da ressaca de viajante, o tecto parecia ser exercedor de força sobre a minha caixa craniana..cobras milenares disfarçadas de cal..a sensação de um ataque eminente..o perigo constante..a linha de comboio..a passagem de nível sem cancela e muito menos guarda..o susto..as mãos nos olhos..o grito..AaAAaAahhh



A arte a entrar no limbo..o pictorismo a não ser mais a esperança..o surrealismo a ficar em mãos alheias e a ser aplicado em pinturas de jarros...
Que resolução?! Deixar os lençóis e enfrentar esse mundo..de ramela nos olhos dizer bom dia, bô noite e deixar as horas correr..depois disso..queixar-me à força viva da vida e depois dizer que "tudo é tão bonito"..que o prazer é coisa rara e eu tenho a graça de o ter..e finalmente fazer às miúdas e poder pronunciar "Olá!! bébé!!", coisa que nunca diria em Portugal mas que aqui estará sempre eminente. Isto porque a multa seria sempre infundada e refutável. Ah não, perguntava se havia bébé na sua vida como quem pergunta: é casada?! tem dono?! é atrelada?!..e tudo se resolveria pelo melhor, distribuir-se-ia milho e todos iríamos para os bancos do parque, embora eu ainda não tenha visto quaisquer pombos nesta cidade..e tudo parecerá mais bonito..mais belo..a existência passa a ser às cores e nós a termos formas esféricas e arredondadas.. E finalmente chegará o chôro..as saudades..mas do quê?! de quem?! talvez mais por simpatia do que outra coisa..e porque faz parte da viagem e do papel de estrangeiro..Ah, e o que eu gosto de ser estrangeiro, de responder com palavras meias..de dizer "olá, bom dia" ou mesmo "olá, bô noite" e a única resposta ser um sorriso a meias que é repetido como um "coitado!!" "está perdido!!"..e a condescendência far-nos-á aperceber da nossa reles condição de estrageiro..os nossos olhos baixarão para o chão, o sorriso feito será amarelado e a nossa presença realmente posta em causa..seguir-se-á um sketch digno de Benny Hill..